Sunday, July 12, 2009

E agora, José?












José







E agora, José?


A festa acabou,


a luz apagou,


o povo sumiu,


a noite esfriou,


e agora, José?


e agora, você?


você que é sem nome,


que zomba dos outros,


você que faz versos,


que ama, protesta?


e agora, José?


Está sem mulher,


está sem discurso,


está sem carinho,


já não pode beber,


já não pode fumar,


cuspir já não pode,


a noite esfriou,


o dia não veio,


o bonde não veio,


o riso não veio,


não veio a utopia


e tudo acabou


e tudo fugiu


e tudo mofou,


e agora, José?


E agora, José?


Sua doce palavra,


seu instante de febre,


sua gula e jejum,


sua biblioteca,


sua lavra de ouro,


seu terno de vidro,


sua incoerência,


seu ódio – e agora?


Com a chave na mão


quer abrir a porta,


não existe porta;


quer morrer no mar,


mas o mar secou;


quer ir para Minas,


Minas não há mais.


José, e agora?


Se você gritasse,


se você gemesse,


se você tocasse


a valsa vienense,


se você dormisse,


se você cansasse,


se você morresse...


Mas você não morre,


você é duro, José!
Sozinho no escuro


qual bicho-do-mato,


sem teogonia,


sem parede nua


para se encostar,


sem cavalo preto


que fuja a galope,


você marcha, José!


José, para onde?


Carlos Drummond de Andrade


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E agora?


Passei estes últimos meses depois de mudar enganando a mim mesmo. Achei que podia (e queria, como queria) resolver as coisas da noite para o dia e, depois, quem sabe?


Não pude, é óbvio. Tinha um foco quando me mudei, e desviei-me dele. Algumas das coisas que aconteceram eu não podia prever, ninguém podia.


E agora?


Agora é voltar para o foco. Mais 4 a 5 meses que foram para o saco. Mas não há de ser nada. Em algum momento vai clarear um caminho.


Não aguento mais esse país. E a culpa não é do país, é minha.


Depois gostaria de falar sobre amor, relacionamentos, estar junto, continuar junto, razões, porquês. Depois, ou este post vai ficar quilométrico. E nem eu vou aguentar relê-lo.






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