O ambiente desta casa é cancerígeno. Sempre foi. E eu fui exposto a ele por tempo demais. Por isso, vou morrer de câncer. (Não sou mais nem menos hipocondríaco do que qualquer um). Um câncer lento, corrosivo, destruidor. Daqueles que levam anos pra te matar e te desgastam, te tiram o sopro da vida bem pouco a pouco, não têm ao menos a decência nem a dignidade de acabar de uma vez com as coisas. Essa é apenas UMA das possibilidades, mas é uma bastante plausível, por assim dizer. "Por assim dizer" é uma expressão curiosa. Completamente inútil, lembro que o ex-jogador de futebol (fantástico) e já há alguns anos comentarista - péssimo, diga-se de passagem, Júnior, tinha esse vício de linguagem. Provavelmente a turma da Globo deu-lhe um toque, agora parou com isso. Mas na tradução de Crime e Castigo, que estou lendo, essa expressão aparece dezenas ou até centenas de vezes, o que a reavivou em minha memória. Não sei se Dostoiévski usou isso em russo, não entendo nada de russo, mas a tradução usa e abusa. Às vezes aparece até 3 vezes em um mesmo parágrafo. Experimente suprimi-la completamente do texto escrito ou falado. Não faz falta nenhuma, porque não tem função nenhuma.
Ter uma pessoa que é sangue do seu sangue - no caso, sua mãe - como alguém ruim, que cultiva várias das piores características - ou pelo menos as mais desagradáveis - que um ser humano pode ter, como a inveja, a amargura, o preconceito, a baixeza de caráter, um linguajar que faria corar a uma prostituta bêbada - com todo respeito as prostitutas, bem, isso não pode ser bom nem fazer bem - a ninguém. Alguém que se deleita em falar mal de qualquer outro ser vivo - ou morto que não ela própria, alguém que evita de todas as formas 0lhar para o próprio umbigo - pq se suicidaria imediatamente se o fizesse, em vista do total desastre que representou o simples fato de ter sido posta neste mundo, em resumo, alguém por quem ninguém, no máximo três ou quatro gatos-pingados que são ou ingênuos ou ignorantes a respeito dela vão chorar em seu enterro.
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Ontem saí à procura de encrenca, como há muito não fazia. Fui assistir ao jogo do São Paulo, atual saco de pancadas de qualquer um que esteja do outro lado do campo, em um boteco. Telão e tudo mais. Álcool. Sangue envenenado, com uma irresistível vontade de explodir. Escolhi o maior cidadão que consegui encontrar. PELO MENOS duas vezes e meia maior do que eu. Provoquei, gritei na orelha dele, tirei sarro, fiz de tudo. Acontece que o cara, que além de tudo não nenhum palerma, era bem bacana. Riu, brincou, depois bateu um papo comigo de boa, na racionalidade. E me desarmou apenas com seu jeito amigável.
Claro, a adrenalina e a sede de encrenca baixaram a zero. Só sobrou a vergonha - pela minha imbecilidade.
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A vida já não é nada fácil. Se formos encará-la ainda sem disposição, quando ocorrem os momentos dos quais vou falar, de diversão, de descontração, de alegria genuína, de simplicidade, aí a vida torna-se um tormento. Pq é insuportável viver assim. Essa é a herança que recebi e a qual me cabe mudar.
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Só que a vida não espera por ninguém. Nem ninguém espera por vc. nem vc pode querer, se gosta realmente de alguém, que esse alguém espere por vc. Ao contrário, se vc ama uma pessoa, quando vc ama uma pessoa, vc quer, sem nem pensar, que ela tenha uma vida boa e que seja, na medida do possível, feliz.
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Ontem mudei de humor várias e surpreendentes vezes em um mesmo dia. E violentamente, nada sutil.
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Um cidadão fez uma paródia de certo personagem de certa novela que aparentemente está no ar atualmente, personagem esse que é esquizofrênico. Passou-me pela cabeça voar no pescoço do idiota, num primeiro momento, mas refreei-me. Estava em um círculo de conhecidos, todos riram. Depois vim a saber que esse mesmo cidadão - o imitador - toma remédios psicotrópicos e já tentou o suicídio. Como são as coisas. De qualquer forma, independente de sua situação, a meu ver, nada justifica - pq não é de forma alguma engraçado - fazer troça a esse respeito. Só posso desejar às pessoas que acham graça verdadeiramente nisso que passem pela experiência de conviver com um esquizofrênico - e que, de preferência, tenham laços afetivos com ele/a. E depois me contem se é engraçado.
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Hj fui acordado com minha irmã chorando, um pouco desesperada, ao telefone. Mal tinha saído de casa, a duzentos metros daqui colidiu com um infeliz que passou o farol vermelho. Stress. Forte. Fui convocado ao local. As coisas estão resolvidas.
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Estou, depois de um bom tempo, com uma tradução do espanhol para o português, para amanhã de manhã. O espanhol não me preocupa. Mas que vai ser um SACO dar uma olhada - finalmente - nessa tal de refoma bostográfica - lá isso vai. Apesar que já peguei acho que quase tudo, só de olhar nas revistas e jormais a "nova" e hedionda grafia de certas palavras. Fim do hífen, eliminação do acento em ditongos que não se separam, essas merdas. Malditos sejam aqueles que não têm o que fazer e, ao invés de irem tomar coco de canudinho na praia, balançando sobre uma rede, criam fatos para atormentar a paciência - e a inteligência - alheia.
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Ontem, em um momento de melancolia e saudades, entrou uma mensagem de uma amiga de longe, a Allê. É, acho eu, a primeira vez que cito o nome de alguém aqui deliberadamente. Mas acho que não tem problema. Fez um bem enorme. Obrigado, mocinha. Tô com saudades de ver vc sorrindo. Foi muito bom quando te vi. Tô com saudades de vc tbém, não apenas do teu sorriso, affe.
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E de VC, sempre. Todos os dias. Te amo.
Ombudsman: Veja, esse post de hj ninguém merece. Saiu amargo, ruim, pestilento e mal-cheiroso. Recomendo aos 2 ou 3 leitores deste blog que tentem a revista CARAS, muito mais colorida e com conteúdo mais interessante e educativo, além do que é uma revista que retrata a vida como ela realmente É - e não como a vê esse indivíduo que aqui escreve, recalcado e chato.
1 comment:
ahhhhhh...
Eu adorei!Também tenho pavor do ventre de onde vim...
obrigada.
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