Tardo. Às vezes muito, e falho, sim, mais do que gostaria. Mas vamos ao post final sobre meu trabalho.
Tinha ficado de falar sobre espanhol, né? Bom. Sou filho de espanhóis (o que, por si só, não quer dizer muita coisa), minha família inteira é de espanhóis (tios e tias). Como gosto e tenho facilidade para idiomas (pelo menos eu acho), peguei muita coisa durante o crescimento. Depois, já na faculdade, fiz um ano de espanhol. Da Espanha - o que NÃO é o que mais interessa para o mercado de traduções. Durante o transcorrer de certos empregos - sempre envolvendo tradução, mas nunca em escolas de idiomas, era quase sempre designado como o contato com gente de toda a América Latina. Li muito em espanhol. A gramática é barra, quando se pensa na suposta facilidade que as pessoas costumam associar ao português - o portunhol. Ganhei experiência em traduções (Espanhol-Português). Cheguei a fazer versões (português-espanhol), mas percebi que demorava muito. Demorava porque nunca gostei de algo mais ou menos. Como em qualquer idioma, na construção dos parágrafos, não basta apenas "usar palavras que existam". Ou você escreve de modo que dificilmente um leitor diria que não foi escrito originalmente naquele idioma, ou não faz.
Por essas e outras razões, em relação a espanhol, hoje em dia pego trabalhos de:
a) Tradução simples - Espanhol - Português
b) Versão dupla - Espanhol - Inglês.
PS: Óbvio que precisei investir em vários dicionários específicos, inclusive espanhol-inglês e vice-versa, espanhol técnico, médico, etc.
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Instabilidade do mercado:
A não ser que vc esteja muito bem estabelecido, não terá horários certos de trabalho. E o mercado é sazonal. E os prazos vem piorando muito nesses últimos anos.
De qualquer forma, como qualquer trabalho em que você ganha pelo quanto faz, quanto mais trabalho entra, mais você ganha. E, trabalhando para bons escritórios, numa comparação rasteira com boa parte das profissões que há por aí, não se ganha mal neste trabalho. Quando entra. E uma das coisas mais importantes de ser tradutor, que acredito não ter citado antes, é estar disponível. À noite, bem cedo, em fins-de-semana, feriados. Em determinadas épocas passadas, na antevéspera de Natal, ano-novo, essas coisas. Saber se organizar é fundamental neste campo. Um ditado bem pisado da área é que "o tradutor, quando não morre de sede, morre afogado", uma clara referência aos períodos em que vc fica meio sem nada pra fazer, enquanto em outros tem que se virar em mil pra dar conta de tudo que entrou.
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Há dez anos, por ex, o mercado era bem diferente. Clientes cotavam processos inteiros, fechavam projetos de meses. Não que isso tenha acabado de vez, mas rareou muito. Com os lances de crise, agora a turma prioriza o que considera ser "absolutamente indispensável". E, infelizmente, em boa parte dos casos, a tradução acaba sendo o item que é "deixado pra última hora" no projeto. E aí dá-lhe a turma orçando com prazos apertadíssimos. Survival of the fittest, fazer o quê?
Por último, a gente ainda sofre bastante com um monte de gente que não tem a menor condição de trabalhar nessa área mas se mete a tal, por preços ridiculamente baixos. a tal filtragem de mercado acontece, mas é um processo demorado. Prejudica bastante, porque o cliente só vai ver a merda que fez lá na frente, como por ex já aconteceu comigo em uma determinada época, um cliente contratou praticamente um "refazimento" de um material enorme que havia sido feito com determinado escritório pq, quando ele (o cliente) esteve em sua primeira convenção nos US, apresentando o produto, o material em inglês foi ridicularizado pela turma de lá. "You can't be serious about this shit!" Pena que isso AINDA acontece.
Bom, era mais ou menos isso. Acabou ficando uma visão pessoal, mas dá pra dar uma idéia. Como em tudo na vida, acho que se vc e decidir a entrar neste meio, tente ser profissional. Em todos os sentidos.
E boa sorte.
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