Monday, March 2, 2009

Caminhando

Do alto, contemplo a cidade.

No terraço do prédio vizinho desponta uma senhora velha e obesa, que já não sustenta mais o próprio corpo apenas com a força de suas pernas e sai do cômodo interno para o espaço aberto, pondo-se a andar com a ajuda de um andador.

O espaço de que ela dispõe é exíguo, um pequeno corredor de uns 4 metros de comprimento por 1,5 de largura. Ela vai, dá de cara com a parede e volta. Vai e volta. Vai e volta.

Também eu vou e volto. Fumo e faço flexões. E leio. E olho para o céu e penso, penso...

Estou cada vez mais intrigado com o número absurdo de vezes em que meu humor muda durante o dia. Assim como me parece absurdo o fato de eu perceber essas mudanças. Da mais autêntica euforia, alegria com a vida, pela vida, a um profundo desengano, descaso com as coisas e com o futuro, desesperança.

Saudades das duas irmãs e, pq não, da mãe delas, tão parecida com a minha.

No momento, sinto-me profundamente sozinho e nada desperta um interesse real. No entanto, muito se deve a minha infeliz incapacidade de fazer o mínimo dos esforços para cultivar relacionamentos.

Seria eu, em algum grau, um maníaco-depressivo?

Não gosto de pensar que sim, mas muita coisa tem direcionado meus pensamentos nesse sentido.

1 comment:

Deni Daudt said...

Maníaco -depressivo ou não, é maravilhoso o que escreves.

Um grande abraço.