Subitamente, Roy deteve-se por um instante e pensou: "Por que não?" Voltou para casa com o passo apressado. Enquanto andava, sentia a perna manca latejar. "Merda!", pensou. Já no apartamento, começou a reunir seus pertences apressadamente e dividiu-os em grupos, pequenos montinhos. Não era muita coisa mesmo. Vinte minutos depois, estava feito. Em cima de cada monte Roy colocou um pedaço de papel e um nome. Verificou sua carteira, havia dinheiro suficiente, foi até a estante e pegou um dos livros que não relia há tempos. Desceu, tomou um táxi e pediu que o motorista o levasse até o litoral. Pagou adiantado. Durante a viagem, que durou aproximadamente 2 horas, Roy adormeceu. O motorista olhou para trás duas ou três vezes para se certificar que tudo estava bem, e notou o peito de Roy inchando e desinchando. "Está respirando, tudo bem". Roy, adormecido, tinha na expressão um vago sorriso .
Já na praia, Roy alugou um pequeno caiaque. Não se importou em passar nenhum tipo de proteção solar, apesar do sol forte. Nos primeiros metros remando, assim que passou a área dos banhistas, Roy jogou sua bengala ao mar. Fitou-a enquanto afundava. Continuou remando. Ainda haviam dois cigarros no maço amassado. Roy acendeu um. E continuou remando. O mar estava calmo, pequenas marolas balançavam o instável caiaque, mas nada preocupante. O céu estava claro e Roy achou bom que estivesse assim. Era bonito aquele azul. Roy olhou as horas em seu relógio, viu que já se passavam 30 minutos desde que tinha começado a remar. Tirou o relógio e jogou-o ao mar, também. E continuou remando.
À sua frente, uma imensidão de água. Roy não olhou para trás. Nunca mais.
No comments:
Post a Comment